FATORES QUE AFETAM OS CONDUTORES

FATORES FÍSICOS

SONO

O sono é uma das causas mais comuns de acidentes  rodoviários. A condução exige determinado esforço contínuo por parte do condutor, ao nível de órgãos tão sensíveis do corpo humano como são a vista e o cérebro.

Quem não descansa o suficiente, corre o risco de perder a consciência durante um curtíssimo espaço de tempo: o chamado "micro-sono". Tal facto, surge como reação natural do organismo antes de entrar num período de sonolência, com alteração imediata das suas funções sensoriais, sobretudo a visão.

Se uma piscadela de olhos durar 1 segundo, significa que um veículo que circule a 90 km/h percorre cerca de 28 metros sem que o condutor tenha dado por isso !

Ao percorrerem retas extensas ou ao fazer curvas com atraso, quantas vezes não acontecem despistes por motivos difíceis de explicar, a não ser porque o condutor perdeu a consciência relativamente à estrada, sinalização ou perceção dos sinais.

Quem toma café ou outro estimulante, esquece-se que quando passar o efeito a sonolência acumulada será maior.

Dos vários fatores potenciadores do sono, destacam-se:

- a idade
- o regime ou condições de trabalho
- o exercício de atividades mentais complexas
- períodos de tensão
- tomada de medicamentos anti-depressivos
- estradas com retas de muitos quilómetros de extensão.

FADIGA

O cansaço produz aumento do tempo de reação do condutor para travar mais cedo, ou para realizar manobras eficazes.

Normalmente, quando um condutor fatigado circula demasiado perto das bermas, o despiste é quase inevitável.

É aconselhável fazer paragens frequentes de alguns minutos, mais ou menos de 2 em 2 horas, até o condutor chegar ao seu destino.

VISÃO

Uma boa visão é condição essencial para uma condução segura, porque é através dela que o condutor recebe 90% da informação.

As funções visuais que influenciam a tarefa da condução, são as seguintes:

> campo visual: perceção simultânea de objetos em lugares diferentes

> sensibilidade ao contraste: perceção de objetos com vários níveis de contraste, tais como, pessoas, veículos, sinais de trânsito

> visão periférica: capacidade para ver o que se passa em cada lado da estrada

> visão noturna: capacidade para visionar objetos em ambientes escuros, maior sensibilidade ao encadeamento

A legislação em vigor exige uma acuidade visual mínima de 5/10 num olho e de 8/10 no outro. Com acuidade visual inferior, os condutores têm de sujeitar-se a exames médicos especiais.

Das limitações mais graves da visão, destacam-se:

- estrabismo (*)
- ausência de visão binocular (**)
- campo visual inferior a 150° no plano horizontal.

NOTA:

(*) - Pessoa com os olhos tortos.
(**) - Formação de duas imagens do mesmo objeto nas retinas dos dois olhos e em simultâneo, responsável pela apreensão das três dimensões.


FATORES PSICOLÓGICOS

Conduzir qualquer veículo exige muita concentração do condutor.

Se este estiver perturbado por fatores psicológicos, a sua condução e o controle do veículo podem originar situações de risco.

STRESS NA CONDUÇÃO

O stress pode ser entendido como uma resposta deficiente às exigências do meio quando a avaliação dessas exigências é superior à capacidade de adaptação do indivíduo.

Se o condutor manifesta através da sua condução, uma resposta emocional, como a ansiedade, uma resposta fisiológica, como um aumento do batimento cardíaco, ou uma resposta comportamental como a prática de um modo de conduzir mais agressivo, então estamos perante um comportamento de risco que pode causar acidente.

A "condução nervosa" pode resultar de situações de conflitos no ambiente de trabalho ou familiar irritação com o comportamento de outros condutores durante ultrapassagens, etc.

O stress na condução surge em situações específicas, tais como realizar uma manobra com maior grau de dificuldade quando, em situação normal essa manobra não causaria qualquer problema ou risco.

Conduzir stressado pode ter como consequência:

- diminuir a capacidade de análise e de captação de informação no meio rodoviário
- potenciar a fadiga que resulta do desempenho da tarefa de conduzir
- aumentar as probabilidades de falta de controle do veículo, tais como despiste, travagens mais rápidas.

 DEPRESSÃO

Em períodos críticos da nossa vida experimentamos, por vezes, sensações de insegurança, de apatia perante as atividades normais do quotidiano.

Se essas sensações estiverem associadas a uma visão de receio quanto ao futuro, pode surgir uma sensação de desalento ou desânimo, entendida como depressão.

A depressão pode afetar as capacidades de conduzir, tais como:

- aumento da fadiga
- diminuição da atenção
- falhas de perceção
- realização de manobras com maior dificuldade
- decisões disparatadas.

ANSIEDADE

A sensação de angústia ou medo sem motivo evidente é entendida como ansiedade. A ansiedade pode causar tensão e maior fadiga ao organismo.

Perante situações de perigo, o coração começa a bater mais depressa, permitindo uma resposta mais rápida do condutor. No entanto, se essas situações se repetirem com frequência, o próprio ato de conduzir torna-se fator causador de ansiedade.

A hipervigilância conduz a uma condução excessivamente defensiva, o que em ambientes urbanos de intenso tráfego é apontada como uma das causas de conflitos rodoviários de menor gravidade.

Por outro lado, se o condutor estiver demasiado preocupado com os seus problemas, a falta de concentração na estrada torna-se uma das causas mais importantes de acidentes rodoviários.